domingo, 30 de dezembro de 2012

MÉXICO REBELDE I



BENITO JUÁREZ  - MURAL DE OROSCO 



Dos ventos revolucionários que sopraram no século XX, talvez o mais impactante tenha sido o da Revolução Mexicana de 1910 a 1917. Ao lado de outros países da América Latina que tentaram desenvolver as potencialidades da economia primária de exportação e consolidação do Estado Nacional, a Revolução Mexicana é inigualável  pelo seu teor popular , na qual a massa camponesa se manifesta como espectro político em uma guerra que durou sete anos.

BENITO

No tempo da excomunhão do líder político Benito Juárez pelo papa Pio XI no século XIX a igreja e o exército eram atacados pelos Liberais. A Igreja possuía pelo menos metade das terras mexicanas e a outra metade estava sob o comando de um punhado de grandes proprietários.  Uma nova lei, conhecida como a lei Lerdo, proibira a igreja a possuir bens imóveis. Uma nova Constituição foi promulgada (1857) e o México governado por Juárez foi invadido por potências imperialistas, estabelecendo uma monarquia sob o comando de Maximiliano da Áustria. Apoiado pelos EUA  o presidente Juárez  derrota Maximiliano que é fuzilado em 1867. Benito Juarez foi reeleito por vários anos e governa o  México até 1872 . Após a sua morte entra em cena o general José da La cruz Porfírio Dias, estabelecendo uma ditadura que durou onze anos.



       TRAJE DE PORFÍRIO DIAS PRESIDENTE 
MUSEU DE SANTO DOMINGO OAXACA  MÉXICO





DIAS POSANDO PRÓXIMO A PEDRA DO SOL


ASSISTA O VÍDEO SOBRE BENITO JUÁREZ 



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL


IMAGENS E REPRESENTAÇÕES DO NATAL NO TEMPO


Krampus é uma criatura mitológica que acompanha São Nicolau durante a época do Natal. A palavra Krampus vem de Krampen, do alemão "garra". Nos Alpes, Krampus é mrepresentado por uma criatura semelhante a um demônio que avisa e  pune as más crianças.



Krampus e São Nicolau visitam uma casa vienense - 1896



Incrível trégua não oficial no Natal de 1914 entre ingleses e alemães na Primeira Guerra Mundial é representada aqui em uma gravura da época.
"A maioria das confraternizações se deu nos 50 quilômetros entre Diksmuide (Bélgica) e Neuve Chapelle. Os soldados britânicos e alemães descobriam ter mais em comum entre si que com seus superiores – instalados confortavelmente bem longe da frente de batalha. O medo da morte e a saudade de casa eram compartilhados por todos. Já franceses e belgas eram menos afeitos a tomar parte no clima festivo. Seus países haviam sido invadidos (no caso da Bélgica, 90 por cento de seu território estava ocupado), para eles era mais difícil apertar a mão do inimigo. Em Wijtschate, na Bélgica, uma pessoa em particular também ficou muito irritada com a situação. Lutando ao lado dos alemães, o jovem cabo austríaco Adolf Hitler queixava-se do fato de seus companheiros cantarem com os britânicos, em vez de atirarem neles." Fonte: Aventura na História


MITRA O DEUS DO SOL


   O cristianismo  comemorou  o nascimento de Jesus pela primeira vez no ano 354. A  festa pagã, chamada de Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno, o dia mais curto do ano. 


NATIVIDADE MÍSTICA BOTTICELLI ( 1445-1510)



ZEITGEIST

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O GÊNIO DOS CÁRPATOS




A 23 anos,  no dia 22 de dezembro de 1989 , desaparecia do leste europeu a ditadura romena de Nicolau  Ceausesco  que no auge de seu poder conferiu a si próprio o título de  "gênio dos cárpatos" e "grande dirigente" . Depois de capturado o ditador foi julgado e imediatamente fuzilado no interior da Romênia com sua esposa Helena.


   O final da Guerra Fria não foi apenas moldado pela política estratégica de Reagan em conjunto com a crise estrutural do comunismo. Igualmente essencial foi o apoio demonstrado pelo Ocidente em relação à liberalização do sistema comunista. Até certo ponto, os parceiros do Ocidente neste processo eram um conjunto de líderes comunistas que desejavam uma reforma do sistema. Mas mais importante do que isso foi a oposição democrática que começou a emergir em meados dos anos 1970 no seio de alguns estados comunistas (os primeiros grupos da oposição anticomunista não tinham qualquer apoio por parte do Ocidente).
   O processo da CSCE (Conferência de Segurança e Cooperação Europeia) veio criar as condições que possibilitaram tudo isso. Da conferência resultaram os Acordos de Helsínqui, assinados pelos líderes ocidentais e do Leste da Europa. Os acordos obrigavam os seus signatários a respeitar os direitos humanos, o que permitia a ligação dessa vertente com outras esferas das relações entre estados, incluindo as questões econômicas e de segurança. Os princípios da Ata Final abriam a possibilidade de os estados ocidentais usarem o comércio e as políticas de empréstimos para exercer pressão sobre os governos comunistas. Esses princípios também acabaram por lançar as bases da legitimação das atividades da oposição democrática.                   Questões de direitos humanos, liberdades fundamentais e a autodeterminação nacional eram o tópico primordial de debate e de negociação durante a CSCE. No decorrer das negociações os estados comunistas aperceberam-se de que se não fizessem concessões naquelas áreas ver-se-iam isolados e privados do apoio ocidental para as suas reformas econômicas
   Como hoje sabemos, o resultado cumulativo destes processos foi a derrocada espantosamente rápida, embora relativamente pacífica, do comunismo, primeiro nos países da Europa Central (1989) e pouco depois na União Soviética (1991). Esses acontecimentos na Europa Central receberam a designação de «Primavera dos Povos», embora, erradamente, alguns autores polacos lhe chamem o «Outono dos Povos». Trata-se aqui de uma «primavera» metafórica (à semelhança do que aconteceu com a original Primavera dos Povos, em 1848, que na verdade teve início em Fevereiro), uma Primavera que consistia na independência renovada das nações daquela região. De fato, a Primavera de 1989 começou em Abril, com o acordo da Mesa-Redonda polaca, um enorme triunfo para a oposição democrática, tendo dado origem a eleições parlamentares parcialmente livres, cujos resultados foram um golpe esmagador para o Partido Comunista no Governo.
   A aceitação destes resultados por parte de Moscou, inclusive com a formação de um governo sob a liderança do não comunista Tadeusz Mazowiecki, representou um sinal para o resto da região. Na sequência disto os eventos deram-se a uma velocidade assombrosa. Em Novembro, a incapacidade de deter a vaga de refugiados oriundos da Alemanha de Leste, que entravam na Alemanha Ocidental através da Hungria e da Polônia, levaria à queda do Muro de Berlim. Ao mesmo tempo a Checoslováquia vivia a sua Revolução de Veludo, enquanto a Hungria passava por mudanças semelhantes. O derradeiro evento deste processo – que ganhou notoriedade devido ao derramamento de sangue – foi a derrubada da ditadura de Ceausescu na Roménia (com o ditador e a sua mulher executados à margem da lei, tal como eles próprios tinham governado) no final de Dezembro de 1989. E desta forma a chamada «comunidade de estados socialistas» praticamente deixou de existir.
   No entanto, enquanto a União Soviética se mantivesse de pé, as mudanças na Europa Central não estavam garantidas; a independência destes países era ameaçada pela existência da hegemonia do antigo bloco. Importa recordar que o domínio de Moscou sobre estas nações a partir de 1945 tinha motivos ideológicos, mas também geopolíticos. Ora, os sinais vindos de Moscou ao longo dos três anos após 1989 eram muito inconsistentes e, na maioria dos casos, acentuavam a incerteza relativamente à verdadeira posição da União Soviética perante a Primavera dos Povos que se ia desenrolando do lado de fora das suas fronteiras. O putsch falhado em Agosto de 1991, que pretendia travar a desintegração da União Soviética, demonstrava que havia forças na Rússia que não aceitavam o colapso do comunismo e a desintegração do bloco. Mas as forças centrípetas mostraram-se mais fortes. A 12 de Dezembro de 1991, os líderes da Rússia, da Ucrânia e da Bielorrússia confirmaram a desagregação da URSS.
(Artigo de Roman Kuz´niar ;  A Primavera dos Povos de 1989 a transformação dos princípios Fundamentais da política externa polaca)

A REVOLUÇÃO ISLÃMICA DO IRÃ E O FUZILAMENTO DE CEAUSESCU 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O ETERNO RETORNO









O Calendário Maia

   A civilização maia foi uma das primeiras civilizações a ter o conceito do numeral zero em suas inscrições. Alem deste conceito inovador, a língua Maia comparada com de outras sociedades pré-colombianas, era uma das mais complexas da América, atribuindo aos símbolos valores fonéticos, assim como a língua Egípcia antiga.
O calendário maia era usado para prever augúrios e estava ligado a uma enorme tecnologia astronômica para época. Este povo que não possuía os telescópios avançados de hoje, consegue a façanha de determinar o calendário mais preciso de todas as civilizações antigas rivalizando-se com calendário atual. Segundo Paul Geandrop:

“Todos os grandes povos da Mesoamérica sentiram-se poderosamente fascinados pelo mistério do cosmo: a recorrência cíclica e previsível dos fenômenos celestes; o ritmo infatigável das estações e a influência destas nas diversas fases da cultura do milho; o próprio ciclo da vida e da morte, do dia e da noite em sua alternância inexorável mas necessária. Com a finalidade de devassar mais profundamente o segredo dos astros, que para ele representava a vontade dos Deuses, o homem mesoamericano moldou, através dos séculos, um aparelho especulativo fortemente complexo.”


 Entendemos então que este calendário além de sagrado tinha a função de compreender o significado da  vida, da agricultura, e o do  “futuro” através dos céus, onde os  Maias liam os sortilégios.

Eskaton
    Jaques lê Goff em seu livro História e Memória conceitualiza o termo Eskaton, filologicamente como: O termo “escatologia” designa a doutrina dos fins últimos, isto é, o corpo de crenças relativas ao destino final do homem e do universo. Tem origem no termo Grego, geralmente empregado no plural ta eschata ou seja, “as ultimas coisas”. O tempo maia do fim Maia é claramente diferente do tempo linear cristão que conhecemos. O tempo desta civilização é circular, infinito e com intuito de renovação ad eternum
   Lê Goff cita em seu livro História e Memória, um autor muito proeminente nestes estudos,  Mircea Eliade, que afirma : “ poderíamos dizer, numa formula sumária, que, para os primitivos, o fim do mundo já existiu, embora se deva repetir num futuro mais ou menos próximo”. Nesta frase traduz exatamente o espírito da escatologia Maia, o caos anterior, se trará a posterior para a renovação, em um período cíclico e  faz alusão as datas destrutivas de seu calendário tão preciso. 
   Os Maias acreditavam que os astros regiam não somente a agricultura, mas todo o dia em suas manifestações metafísicas. Isso gira em torno do pensamento holístico Maia, em que acreditavam fazer parte de todo o universo, e não como hoje, cartesianamente separados.  Segundo  Mircea Eliade:

“Especialmente entre os Índios da América, a “maioria dos mitos do fim implica uma teoria cíclica, ou a crença de que uma catástrofe será seguida de uma nova criação, ou ainda, a crença numa regeneração universal, realizada sem cataclismo.” 

( Texto adaptado de O povo dos céus e suas profecias. Os maias e sua escatologia – um breve estudo comparado. Leandro Gama e Silva de Omena )


@ Maiores informações:

  O CÉU DA SEMANA UNIVESP TV 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


CALEIDOSCÓPIO. [De cal(i)- + -ido- + -scop- + - io .] S. m.

1. pequeno instrumento cilíndrico , em cujo fundo há fragmentos móveis de vidro colorido, os quais, ao refletirem-se sobre um jogo de espelhos angulares dispostos longitudinalmente, produzem um número infinito de combinações de imagens de cores variegadas. 2. fig. sucessão rápida e cambiante (de impressões, de sensações).

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O REAL CAÇADOR DO SOL


   
Trecho do filme Royal Hunt of The Sun de 1969




   Em 1532 Pizzaro e seus comandados entram na cidade de Tumbes que se encontrava vazia. Fora da cidadela o exército inca de Atahualpa estava acampado. Atahualpa acabara de derrotar e condenar a morte seu irmão Huáscar pela disputa do poder do império.  No dia seguinte Atahualpa resoluto decidiu entrevistar-se com os estrangeiros. Acompanhado de seu séquito, entrou na cidade fortificada. Os espanhóis postaram-se em lugares estratégicos no intuito de capturar o inca. 
   Através de um intérprete indígena, Pizzaro disse que era embaixador  de um grande senhor e que queria a namizade do inca. Atahualpa lhe disse que também era um grande senhor. Então frei Valverde, empunhando uma cruz na mão direita e o breviário na esquerda, intimou o soberano a adorar a Deus, a cruz e o evangelho, porque todos os demais deuses eram falsos. Atahualpa respondeu-lhe que não deveria adorar senão o Sol. Que nunca morre. O soberano perguntou ao frei quem havia lhe dito que o seu Deus era verdadeiro. Frei Valverde respondeu-lhe que foi o livro, o evangelho. Atahualpa pediu o livro e começou a folheá-lo, e dizendo que o livro nada lhe dizia, arremessou-o ao chão. O frade então ordenou aos seus companheiros: ”Acudam aqui , cavalheiros, estes índios gentios são contra a nossa fé”. Pizzaro ordenou o ataque, a cavalaria se lançou contra os indígenas, os arcabuzes espalharam pavor e baixas entre os incas e na confusão Atahualpa foi preso.
   Depois de sua prisão atahualpa pagou seu resgate em ouro quer mandara trazer de todo o império. Para livrar-se do inca os espanhóis o acussaram de ter cometido assassinato contra seu irmão Huascar, de ter tido relações incestuosas com sua irmã e idolatria. Foi batizado e morreu enforcado no garrote vil. O império inca parecia ter chegado ao seu fim. Porém, a resistência continuou por mais quarenta anos e só em 1572 com a morte de Tupac Amaru, o império inca terminou e a conquista espanhola se completou. Adaptado do Livro História da América de Florival Cáceres.

@ Para maiores informações sobre o fim do império inca acesse: http://www.youtube.com/watch?v=4ANRo85qGHs

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

ABAIXO A VACINA





REVISTA DA SEMANA OUTUBRO DE 1904

"Com 800 mil habitantes, o Rio de Janeiro era uma cidade perigosa. Espreitando a vida dos cariocas estavam diversos tipos de doenças, bem como autoridades capazes de promover sem qualquer cerimônia uma invasão de privacidade. A capital da jovem República era uma vergonha para a nação. As políticas de saneamento de Oswaldo Cruz mexeram com a vida de todo mundo. Sobretudo dos pobres. A lei que tornou obrigatória a vacinação foi aprovada pelo governo em 31 de outubro de 1904; sua regulamentação exigia comprovantes de vacinação para matrículas em escolas, empregos, viagens, hospedagens e casamentos. A reação popular, conhecida como Revolta da Vacina, se distinguiu pelo trágico desencontro de boas intenções: as de Oswaldo Cruz e as da população. Mas em nenhum momento podemos acusar o povo de falta de clareza sobre o que acontecia à sua volta. Ele tinha noção clara dos limites da ação do Estado."
(Adaptado de José Murilo de Carvalho, "Abaixo a vacina!". "Revista Nossa História", ano 2, n- 13, novembro de 2004, p. 74.)



CONVERSA DE ÍNDIO



Theodore de Bry: Dança dos Tupinambás

Conversa entre Jean de Léry e um velho índio Tupinambá no século XVI
Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan (madeira pau-brasil). Uma vez um velho perguntou-me:
- Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer ? Não tendes madeira em vossa terra ?
Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele supunha, mas dela extraímos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente:

- E porventura precisais de muito ?
- Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.


- Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas; acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?Tupinambás - Mártires
- Sim, disse eu, morre como os outros.

Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo:

- E quando morrem para quem fica o que deixam ?
- Para seus filhos, se os têm, respondi; na falta destes, para os irmãos ou parentes próximos.

- Na verdade, continuou o velho, que como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem ! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
(publicado no livro "Viagem à terra do Brasil" de Jean de Léry)

@ SOBRE A SITUAÇÃO DAS POPULAÇÕES  INDÍGENAS NO BRASIL E SUA MOBILIZAÇÃO ACESSE: